quinta-feira, 25 de junho de 2009

Educação Sentimental


Apesar de situada em época e contexto diferentes, será que podemos dizer que muitas mulheres de hoje se parecem com Luísa, personagem de O primo Basílio?*



No romance O primo Basílio, Luísa procura satisfazer as suas frustrações com a leitura. Fantasia com as histórias narradas, deseja para si uma vida interessante, cheia de aventuras e emoções. Há uma identificação com a ficção romântica, de tal forma que a fantasia e a realidade simplesmente se confundem.


É claro que neste caso, estamos falando de uma mulher pequena burguesa, educada sob influência de frouxos princípios morais e religiosos, fraca e inerte, sem força moral para se manter fiel ao casamento.


Mas será que a educação sentimental que tivemos ao longo da vida não contribuiu para acreditarmos, assim como Luísa, que as coisas na vida real se sucedem tal como nas histórias de ficção romântica?


Existem tantas Luísas que desejam uma vida de aventuras, repleta de viagens a lugares distantes e exóticos, que lhes dêem a oportunidade de conhecer culturas e pessoas diferentes. Buscam na leitura de romances, ou mais modernamente nos filmes, projeções dos sonhos com aventuras amorosas e com viagens que a realidade lhes nega.


Apesar das mulheres participarem da vida pública, intelectual, política, ainda são frequentes as queixas de solidão, aborrecimento e constantes frustrações**.


Será que buscamos, na ficção, uma ilusão de uma vida mais interessante, cheia de prazeres que a vida real, às vezes, não oferece?


Dolly


*Obra do escritor português Eça de Queirós

**Referência ao texto Leituras de Luísa de Helena Cizotto Belline.

2 comentários:

ranieri disse...

onde está a Essência dessa mulher?
onde está o mais intimo desejo dela?
onde está a força?
onde está esta mulher?
onde?

Anônimo disse...

Não concordo c/ vc, Ranieri. Não é uma questão de força ou de essência. É questão de perceber a insignificância da vida. Há tantas mulheres que sonham c/ uma vida assim.É mais comum do que vc pensa.