quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O Espelho


Semana passada, uma amiga me revelou que se sentia um lixo depois que descobrira que seu marido a traíra. Ela se sentira rejeitada, desvalorizada e terrivelmente sozinha. Ela tinha apostado todas as suas fichas nessa relação e acreditava que assim como ela o marido era feliz.

Depois desse episódio, perdeu a confiança em si mesma e a sua autoestima tornou-se praticamente nula. Por se sentir pouco atraente, ela tentou recuperar a estima do marido: mudou o visual, cortou o cabelo, pôs silicone nos seios, porém nada mudou no comportamento dele e ele começou a rejeitá-la.

Assim como minha amiga, quantas foram às vezes que nos sentimos mal em relação a nossa aparência porque nosso parceiro/namorado nos rejeitou ou não nos quis mais?

Por que dependemos tanto dos nossos relacionamentos/parceiros para estarmos bem com nós mesmas?

Quantas vezes acreditamos que se mudássemos nossa aparência exterior, mudaríamos nosso interior? E acreditamos que seria a solução de todos os nossos problemas?

Assim como a madrasta de Branca de Neve, precisamos da confirmação de nossa beleza e autoestima pelo espelho. Precisamos do olhar do outro para nos sentirmos aprovada.

No entanto, por que ao olharmos no espelho, vemos nossa imagem tão distorcida?

Por que não conseguimos olhar para nós com mais compaixão?

Por que só enxergamos nossos defeitos e imperfeições?

O que poderemos fazer para reverter esse processo?

Um abraço

Dolly

domingo, 4 de setembro de 2011

Receita de Bolo

Minha mãe sempre dizia que para um bolo dar certo, era preciso seguir alguns passos:

1. Atenção e bom senso para selecionar todos os ingredientes;

2. Saber a medida certa de cada um dos ingredientes;

3. Muito cuidado na hora de misturar todos os ingredientes;

4. Paciência e também intuição para perceber o momento preciso em que o bolo estiver pronto.

Anotei todas as recomendações sugeridas por minha mãe. Em seguida, levei tudo anotado para a casa de meu namorado, pois tinha combinado de levar a receita para fazermos juntos o bolo. Comentei a receita e notei seu olhar desconfiado, como se a dúvida estivesse estampada na ponta do nariz. Xi!! Será que não fui bem clara? Ou será que ele não gostou da receita?

Ele foi o primeiro a se manifestar, disse que preferia bolo de laranja, cenoura nem pensar. “O produto mudava, mas a forma continuava a mesma, que tal assim?” perguntou. Ao invés de falar, calei bem quieta e pensei comigo: “O bolo é de cenoura, rapadura que não dá!”

Depois de conferir os ingredientes, eu disse que não tinha laranja, era cenoura ou nada. Ficamos quietos pensativos, então, ele aproveitou e soltou: “Já percebeu que você sempre quer que seja do seu jeito?” Eu olhei para ele e discordei perplexa. Começamos a falar ao mesmo tempo. Ninguém mais se ouvia. Ninguém se entendia. Ele pediu silêncio e olhou com interrogação para mim: “E então, o que vamos fazer?” esperando uma resposta salvadora.

O tempo corria e na confusão não nos decidíamos. Após a longa discussão, resolvemos fazer outra receita (ele a contragosto concordou). Colocamos todas as ideias na panela, misturamos todas elas. Mas será que as ideias iam combinar? E será que elas iam conseguir misturar sem brigar?

Na pressa de fazer o bolo, não tivemos muito tempo para verificar se a receita não era boa o suficiente para ser descartada ou se a outra não estava ainda no ponto de madurar.

Tiramos o bolo na correia com medo dele queimar. Ao sair do forno saiu timidamente, quase sem fazer barulho, bemmmmmmmurchinhoooooooooo. Quando vimos o bolo percebemos que ele estava cru por dentro e com um gosto meio...hum...sei lá...

Fiquei triste e pensei o que será que fizemos de errado, para um bolo que parecia tão gostoso dessa maneira murchar? Esquecemo-nos de alguma coisa? Ou será que tiramos antes da hora? Talvez tenha faltado o fermento da empolgação? Ou quem sabe, uma xícara a mais de decisão? Será a pitada da confiança para dar aquele gostinho bom?

Pensei, pensei e pensei... e será que ele realmente queria essa receita? E se eu o tivesse ouvido melhor? E se tivesse optado por aquele outro jeito de cozinhar?

As dúvidas continuaram e mais uma vez lembrei que minha mãe havia se esquecido de dizer que talvez aquela fosse a melhor maneira de fazer o bolo SOZINHA. No entanto, eu não estava SOZINHA! Fazer o bolo com alguém não é tão fácil quanto parece à primeira vista, tem sempre um que prefere morango ao invés de chocolate!

Mas também sozinha você não percebe com muita clareza onde errou ou acertou. Quando você faz o bolo com outra pessoa, embora nem sempre acerte a receita, você aprende outras maneiras de se fazer um bolo.

Eu me pergunto, será que existe uma maneira certa de fazê-lo? Como conciliar as diferenças entre o casal e conseguir fazer o bolo juntos? Em que momento, devemos ceder ao apelo do outro? E em que momento, devemos insistir na nossa receita?

Um abraço

Dolly